A avaliação psicológica aborda diretamente as possibilidades de arrependimento, proporcionando um espaço de reflexão, além de espaço para outros membros da família, especialmente o(a) companheiro(a), se houver. Durante o processo de avaliação psicológica, que dura de 4 à 6 sessões, é avaliado se o candidato à cirurgia possui boa capacidade de compreensão sobre a dimensão e irreversibilidade da cirurgia, bem como se o mesmo encontra-se apto sob o ponto de vista psicológico como problemas de ansiedade, depressão e outros transtornos que podem influenciar na decisão.
Pacientes devidamente orientados e que mantenham desejo pela esterilização permanente devem expressar seu consentimento por meio da assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. É importante lembrar que, de acordo com a Lei Nº 9.263 de 12 de janeiro de 1996, a esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá ocorrer mediante autorização judicial.
A entrevista clínica é a melhor forma de realizar a avaliação para métodos contraceptivos definitivos na Atenção Primária à Saúde (APS). Mulheres e homens com idade superior a 25 anos OU (2) com dois filhos vivos são elegíveis para procedimentos de esterilização permanente. Para as mulheres, aplica-se ainda situações de risco à vida ou à saúde.
Além da atenção a estes critérios, alguns aspectos devem ser abordados com o paciente e/ou casal durante a avaliação clínica:
Desejo de não ter (mais) filhos e possibilidades de arrependimento;
Compreensão sobre a irreversibilidade dos métodos cirúrgicos e do fato de que estes métodos não protegerem contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), incluindo HIV;
Reflexão sobre a possibilidade de escolher outros métodos: por que a escolha pela laqueadura e não vasectomia ou vice-versa? Foram considerados métodos reversíveis, como o DIU?;
Quando o paciente tem parceiro(a), é importante que este compareça a pelo menos um atendimento, explicitando sua posição. Contudo, deve-se esclarecer que a decisão final é da pessoa que deseja o procedimento, independente da contrariedade do parceiro;
Identificação de motivações, pressões e funcionamento familiar e conjugal.
Nos casos de ligadura tubária, as pesquisas na área apontam para taxas de arrependimento maiores nas seguintes situações:
Entre mulheres que fizeram o procedimento antes dos 30 anos – idade mais jovem é o fator preditor mais consistente de arrependimento;
Mulheres solteiras ou em união conjugal recente ou instável;
A separação e um novo casamento;
A pressão sofrida no processo de decisão;
O parceiro não apoiar a decisão;
História de morte de um filho após o procedimento;
Quando o procedimento é realizado no pós-parto.
A Avaliação psicológica, bem como o acompanhamento pré-cirúrgico é de extrema relevância para a melhor tomada de decisão, tendo em vista que os procedimentos são invasivos e irreversíveis.